Por Clarkson Ramos Moura*
Os
Gararuenses, natos ou afetivos, que temos 40 anos, ou mais, de idade e
convivência, e que constituímos parcela expressiva do atual Povo de nossa
Cidade e de nosso Município -- Gararu -- lembramo-nos de um saudoso e real
personagem, "Anjo Meleiro": brasileiro, descendente de escravos, de
naturalidade incerta (dizia-se de Propriá), sem lenço e sem documento,
analfabeto, católico, corpulento, alto, cego d'olho direito, cabelo
encarapinhado e grisalho, vestido de roupa surrada e encardida, pés descalços,
comunicativo, inofensivo, vulgo "Meleiro". Segundo declarações
próprias, teria alcançado o estado de escravidão de seus pais. Era a servil
reprodução fisionômica do imortal poeta português, Luís Vaz de Camões, autor de
obras-primas das Literaturas Portuguesa e Mundial, entre elas, "Os
Lusíadas".
Essa
criatura singular, embora miserável materialmente, demonstrava, de forma
natural, ser rico espiritualmente, pois vivia de bem com a vida. Seu rosto
estampava pura felicidade. Sempre bem-humorado, trocava cumprimentos e gracejos
com quem cruzasse com ele nas suas andanças e com quem estivesse postado de
cada lado, ao longo de seu caminho. Ele só não admitia, em hipótese alguma,
chamá-lo de "Meleiro" acintosamente. Se algum engraçadinho, fosse
quem fosse (do Prefeito, passando pelo Juiz, Promotor e Delegado, até o mais
simples indivíduo da Comunidade) se atrevesse a fazê-lo pelas costas ou de
sorrate; "Anjo", de pronto, em alto e bom som, lhe responderia com o
conhecido bordão: "SUA MÃE TEM (...) UM CARRO DE BOI, BEM NO CU!".
Em
sendo "gararuense de coração", o emblemático e lendário "Anjo
Meleiro", jamais, poderá sair da grata memória de tantos quantos o
conheceram pessoalmente, sobretudo, das gratas e comoventes recordações
infanto-juvenis dos conterrâneos da minha e das contíguas gerações. A esta
altura, o ocasional leitor deste modesto texto poder-me-á questionar sobre a
razão por que eu ousei fazer essa enfática assertiva. Sem hesitação,
justificar-lhe-ei assim: não porque, na sua ingenuidade e destemor, o
relembrado extinto, uma vez provocado, tenha reagido sempre, despertando
hilaridade; senão pelo inequívoco amor a Gararu, que, ao longo de sua penosa
vida, comprovara. Tanto que -- acredito -- é provável que, enquanto viveu, ele
não haja perdido uma só edição da "Festa do Santo Cruzeiro".
Seja
dito, de oportuno, para não pairar dúvida nesse sentido, que tal figura do
valioso Folclore gararuense, por todo o tempo, foi hóspede certo de minha
inesquecível Mãe. Conquanto nossa casa fosse pequena e nossa Família, então, de
classe baixa, com oito membros, ao nosso amigo "Anjo", jamais lhe
foram negados um prato de comida, um copo d'água e um digno aposento para
descansar.
Pelo
que lhes expus e deixei de fazer, não de propósito, mas por lapso de minha
desgastada memória, resolvi por bem resgatar, em parte, o teor de interessante
página da tradição oral de nossa Terra, não registrada nos seus Anais, todavia
retida no meu arquivo vivo: reminiscência de "Anjo Meleiro", a fim de
que os Gararuenses, contemporâneos e posteriores, respectivamente, revivamos e
conheçam segmento da História inoficial do atual Gararu, primitivo "Curral
de Pedra".
Tinha
a cara de Camões,
Adorava
o mel cabaú;
Se
lhe chamassem Meleiro,
Dizia:
"Sua Mãe tem um
Carro
de boi bem no cu!"
*Clarkson Ramos Moura. É filho de Gararu, Funcionário da SEFAZ-SE, Advogado, Engenheiro Civil e Químico.
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